quarta-feira, 11 de julho de 2007

Projetos baseados no conceito de Sustentabilidade

Pretende-se, após apresentar este marco teórico conceitual, através de conceitos e ideologias apresentadas nas outras publicações, exemplificar por meio de projetos como se inserem neste novo modelo - quarta fase - que tem a ambiciosa intenção de adequar o espaço artificial ao conceito de sustentabilidade, e como esta intenção implica em novas concepções estéticas e arquitetônicas.

Projetos baseados no conceito de sustentabilidade




INTERVENÇÃO URBANÍSTICA

Projeto de Hélio Boto e André Miguel Lopes – Flowing through Boavista
Pretende-se neste projeto revitalizar um território urbano através de estrutura que integre o rio a cidade. Criando um micro-habitat, utilizando um construção hibrida que possibilite vida natural e civita, através da construção de módulos de habitação ao longo desse eixo e dotando esses edifícios de equipamentos que produzam e armazenem energia, e combinem essa alta tecnologia com a presença de uma biomassa com fachadas externas cobertas com vegetação.

Projetos baseados no conceito de sustentabilidade




INTERVENÇÃO URBANÍSTICA

Projeto de Rosa Fraga e Octavio Tarancón Burg – Urban Sustainable
Pretende-se propor: 1)modelos urbanos que minimizem o desperdício energético através da organização do espaço, 2) construção de casas coletivas auto-sustentáveis com variedade urbana que também promova a sustentabilidade, 3) através de estratégias do desenho e processo criativo que estuda a complexidade e adensamentos, a instalação de comunidades energéticas, 4) organização dos diversos setores para auto-suficiencia destas comunidades.

Projetos baseados no conceito de sustentabilidade




INTERVÊNÇÃO ARQUITETÔNICA

Projeto de intervenção dePedro Henrique Morais e Antônio do Prado Valladares Andrade – Brazil Built
Trata-se de um prédio construído em 1951, com 1067 unidades que congrega diferentes tipologias pretende-se neste projeto implantar: 1)painéis de silicone fotovoltaicos e painéis aquecedores de água 2)Coletores de água da chuva, com filtros, para utilização da água, 3) duto de separação e de reciclagem de lixo, 4) introdução de massa orgânica nas áreas vagas para promoção de conforto térmico e melhoria da qualidade de ar.

Projetos baseados no conceito de Sustentabilidade



INTERVÊNÇÃO ARQUITETÔNICA

Projeto de Julien Claude Jacquot – Sea Odyssey
Pretende de forma paradigmática, solucionar os problemas de habitação popular em regiões de encosta de morros, dotando o edifício de equipamentos que possibilitem: 1)geração, armazenagem de eletricidade, 2)limpeza, seleção incineração e reciclagem de lixo,3)cultura de vegetação própria para consumo. Por meio de intervenção arquitetônica tenta minimizar os efeitos danosos que existem em ao meio ambiente em regiões de favelas, e o impacto visual destas em relação à cidade. Mais que resolução estética, ou arquitetônica tem com o meio físico, em que se implanta, uma relação simbiótica.

Crítica ao modelo consumista / Quarta fase do meio geográfico histórico


FONTE: SELF-SUFFICIENT HOUSING IªAC 1 st Advanced Architecture Contest

De acordo com Milton Santos no livro intitulado: “A Natureza do Espaço”, os meios geográficos históricos podem ser divididos em 3 partes: meio natural ou pré-técnico, técnico e técnico científico informacional.
Na primeira, há uma relação harmônica, as técnicas utilizadas não provocam ao meio, grandes transformações. Havendo uma relação respeitosa de preservação e continuidade.
Na segunda, pode-se perceber uma relação híbrida conflitiva ou mista onde os espaços naturais passam a ser transformados com alteração do equilíbrio natural, por objetos técnicos.
Na terceira, há substituição dos valores com a preferência pela criação de espaços artificiais em substituição aos naturais. A presença destes objetos artificiais precipita a aceleração de relações predatórias com o meio geográfico.
Atualmente faz-se uma releitura, devido ao fato das mudanças que se iniciaram com a segunda fase e intensificaram-se na terceira fase terem acarretado em problemas ambientais severos e em uma mudança comportamental, mudança do modo de ver esses meios geográficos pela sociedade.
Essas mudanças possibilitaram transformações maiores na arquitetura e no espaço urbano principalmente quanto ao uso mais racional do solo.
Nesse sentido o conceito de sustentabilidade espacial pode ser entendido como um reorganizador do espaço urbano, prevendo os possíveis deslocamentos de pessoas, veículos e bens, ordenando o uso do solo( possibilita assim menor impacto ao meio com queima de combustíveis fósseis poluentes), mobilidade em fluxos mais organizados através da tentativa de possibilitar uma pluralidade de usos em diferentes e distribuí-las equitativamente pelo espaço urbano.
Pode-se enquadrar hoje esta sociedade em uma quarta fase, que tenta revitalizar os espaços desvalorizados pelas fases anteriores e propiciar intervenções que insiram dentro destes espaços artificiais, espaços naturais, com a finalidade de promover uma relação mais harmônica com o meio, reformulando a estética arquitetônica e urbanística.
Esta mudança de visão também pode ser notada pela motivação atual na utilização de novos tipos de materiais, com menor impacto ao meio, tanto na sua fabricação quanto aos impactos resultantes desta implementação em construções arquitetônicas. Ou mesmo são notadas na concepção arquitetônica com intuito de mínima intervenção na implantação de edifícios em espaços naturais, no entendimento do edifício como um organismo vivo que deve possuir uma relação harmônica entre o meio em que se situa.
Os edifícios pretendem desta forma, minimizar a própria artificialidade característica inerente a ele, com a naturalidade provida de análises de sistemáticas naturais.
Nesta nova fase eles são dotados de sistemas complexos para reutilização, reaproveitamento das impurezas geradas, responde ao meio em que se situa de forma análoga ao supracitado equilíbrio natural, ora ainda implementa sistemas que possibilitem menor consumo das utilidades necessárias a sua sustentabilidade.
Nesta nova concepção Willy Müller afirma que: “O debate sobre auto-suficiência em sociedades avançadas é um processo contínuo histórico que reflete consideravelmente a sobrevivência necessária de todas as sociedades.”.
Segundo o mesmo arquiteto, as crises que se iniciam no esgotamento energético e que terminam com problemas de uma maior escala baseadas num modelo consumista, pode ser resolucionadas pela admissão novos valores que se baseiem na sustentabilidade. Nós devemos nos perguntar essas questões:
O conceito de auto-suficiência pode por em risco a idéia das cidades que nos temos desenhado, construído e desfigurado pelos séculos?
Alternativamente é a idéia de sustentabilidade tão sutil e delicada que se faz absolutamente possível a auto-suficiência e a insustentabilidade?
Seria possível dizer que a impermanência dos modelos coexistam e tornem qualquer sistema não dependente de suficiência completamente ineficiente?
Nós podemos estabelecer ou formular um sistema de variáveis para definir a correta estratégia para dar suficiência ou sustentabilidade ao lugar?

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Desenvolvimento Sustentável: Incoerência teórica cunhadas pelo sistema capitalista.

Reflexões a respeito das incoerências do Sistema Capitalista, e sobre o termo Desenvolvimento Sustentável:


"O POVO - Certa vez o senhor disse que é necessário construir uma nova visão ecológica, que fugisse ao simples ambientalismo. Que nova visão é essa? Leonardo Boff - A reflexão e a prática mostraram que o ser humano faz parte do meio ambiente. A questão toda é como a sociedade se organizou para se relacionar com o meio ambiente de uma forma que não o debilite em termos de exaurir os seus recursos limitados e, ao mesmo tempo, que seja possível manter o desenvolvimento. A reflexão mostrou mais ainda que não basta só a ecologia social - o ser humano, a sociedade e o meio ambiente - precisa também analisar por que há práticas destrutivas que levam à extinção de espécies, à poluição do solo e mares. É nesse contexto que se discute a sustentabilidade do desenvolvimento, porque o desenvolvimento que temos dentro do sistema capitalista não tem sustentabilidade. É um desenvolvimento que parte de dois pressupostos que a análise revela como ilusórios: pressupõem que os recursos sejam infinitos; e que nós podemos infinitamente continuar esse processo. A ciência mostrou claramente que os recursos são finitos e muitos deles não são renováveis. E que esse projeto de desenvolvimento não pode ser universalizado. Os cálculos revelaram que se quisermos universalizar esse tipo de desenvolvimento precisaríamos outras três Terras semelhantes a essa, o que é absurdo. Hoje, a crítica é sobre o desenvolvimento conservando a categoria mais de base que é a sustentabilidade. A sustentabilidade é, talvez, uma das pilastras sobre as quais vai se construir o vôo para a livre civilização. Mas a sustentabilidade não só do desenvolvimento, mas a sustentabilidade da vida, de toda comunidade de vida, humana, vegetal e animal possa se reproduzir e co-evoluir.
O POVO - O processo de sustentabilidade é compatível com o capitalismo? Leonardo Boff - Não. Essa é a grande contradição. E eu diria mais, que a expressão que entrou em todos os documentos oficiais de desenvolvimento sustentável é um termo inventado pelo sistema do capital para incorporar o discurso ecológico e, ao mesmo tempo, inviabilizá-lo.
O POVO -
O senhor então rejeita o termo "desenvolvimento sustentável"? Leonardo Boff - E a Carta da Terra rejeita também, depois de muita discussão. O desenvolvimento vem do capitalismo, que é linear, sem limites e agindo sempre em contradição de desigualdades. A sustentabilidade vem do mundo da ecologia, que diz que todos os elementos são interdependentes, cooperativos. Então os dois termos se rejeitam mutuamente. Por isso que há hoje o discurso de se fazer primeiro uma sociedade sustentável, uma natureza sustentável, e cada sociedade dará a si o tipo de desenvolvimento que ela precisa, que também será sustentável."

Texto extraído do site http://www.terrazul.m2014.net/spip.php?article117 em entrevista a Leonardo Boff

Se o capitalismo é realmente um sistema incompatível com a sustentabilidade? Quais medidas devem ser adotadas em países capitalistas, com lógicas operacionais incoerentes, para adequar-se a lógica sustentável? É possível pensar em um sistema capitalista que promova o desenvolvimento sustentável se este, " É um desenvolvimento que parte de dois pressupostos que a análise revela como ilusórios: pressupõem que os recursos sejam infinitos; e que nós podemos infinitamente continuar esse processo"