quarta-feira, 20 de junho de 2007

Desenvolvimento Sustentável: Incoerência teórica cunhadas pelo sistema capitalista.

Reflexões a respeito das incoerências do Sistema Capitalista, e sobre o termo Desenvolvimento Sustentável:


"O POVO - Certa vez o senhor disse que é necessário construir uma nova visão ecológica, que fugisse ao simples ambientalismo. Que nova visão é essa? Leonardo Boff - A reflexão e a prática mostraram que o ser humano faz parte do meio ambiente. A questão toda é como a sociedade se organizou para se relacionar com o meio ambiente de uma forma que não o debilite em termos de exaurir os seus recursos limitados e, ao mesmo tempo, que seja possível manter o desenvolvimento. A reflexão mostrou mais ainda que não basta só a ecologia social - o ser humano, a sociedade e o meio ambiente - precisa também analisar por que há práticas destrutivas que levam à extinção de espécies, à poluição do solo e mares. É nesse contexto que se discute a sustentabilidade do desenvolvimento, porque o desenvolvimento que temos dentro do sistema capitalista não tem sustentabilidade. É um desenvolvimento que parte de dois pressupostos que a análise revela como ilusórios: pressupõem que os recursos sejam infinitos; e que nós podemos infinitamente continuar esse processo. A ciência mostrou claramente que os recursos são finitos e muitos deles não são renováveis. E que esse projeto de desenvolvimento não pode ser universalizado. Os cálculos revelaram que se quisermos universalizar esse tipo de desenvolvimento precisaríamos outras três Terras semelhantes a essa, o que é absurdo. Hoje, a crítica é sobre o desenvolvimento conservando a categoria mais de base que é a sustentabilidade. A sustentabilidade é, talvez, uma das pilastras sobre as quais vai se construir o vôo para a livre civilização. Mas a sustentabilidade não só do desenvolvimento, mas a sustentabilidade da vida, de toda comunidade de vida, humana, vegetal e animal possa se reproduzir e co-evoluir.
O POVO - O processo de sustentabilidade é compatível com o capitalismo? Leonardo Boff - Não. Essa é a grande contradição. E eu diria mais, que a expressão que entrou em todos os documentos oficiais de desenvolvimento sustentável é um termo inventado pelo sistema do capital para incorporar o discurso ecológico e, ao mesmo tempo, inviabilizá-lo.
O POVO -
O senhor então rejeita o termo "desenvolvimento sustentável"? Leonardo Boff - E a Carta da Terra rejeita também, depois de muita discussão. O desenvolvimento vem do capitalismo, que é linear, sem limites e agindo sempre em contradição de desigualdades. A sustentabilidade vem do mundo da ecologia, que diz que todos os elementos são interdependentes, cooperativos. Então os dois termos se rejeitam mutuamente. Por isso que há hoje o discurso de se fazer primeiro uma sociedade sustentável, uma natureza sustentável, e cada sociedade dará a si o tipo de desenvolvimento que ela precisa, que também será sustentável."

Texto extraído do site http://www.terrazul.m2014.net/spip.php?article117 em entrevista a Leonardo Boff

Se o capitalismo é realmente um sistema incompatível com a sustentabilidade? Quais medidas devem ser adotadas em países capitalistas, com lógicas operacionais incoerentes, para adequar-se a lógica sustentável? É possível pensar em um sistema capitalista que promova o desenvolvimento sustentável se este, " É um desenvolvimento que parte de dois pressupostos que a análise revela como ilusórios: pressupõem que os recursos sejam infinitos; e que nós podemos infinitamente continuar esse processo"

domingo, 3 de junho de 2007

Sustentabilidade e Responsabilidade Individual

Os termos de Ribeiro definem a sustentabilidade como é entendida no contexto atual, mas como realmente a sustentabilidade está inserida nos dias de hoje?
O site
http://pt.wikipedia.org/wiki/ documenta os dizeres de “Brundtland no final de 1987, sustentabilidade é: suprir as necessidades da geração presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprir as suas.”
A sustentabilidade se torna, atualmente uma responsabilidade inerente a cada pessoa. Porém a responsabilidade segundo o mesmo site: "é a
obrigação de responder pelas próprias ações, e pressupõe-se que as mesmas se apóiam em razões ou motivos. O termo aparece em discussões sobre determinismo e livre-arbítrio, pois muitos defendem que se não há livre-arbítrio não pode haver responsabilidade individual, e consequentemente, também não haverá nem ética nem punição." Se não há livre-arbítrio, não pode haver condenação penal, sendo assim se o indivíduo for coagido a uma ação ilícita não se pode aplicar-lhe punição legal.
Pode-se considerar a sustentabilidade como uma questão de livre arbítrio, se é uma responsabilidade inerente a cada pessoa?

Considerando a resposta negativa, como imbuir consciência às pessoas, sem condenação penal
?
Embora as discussões sobre o conceito de sustentabilidade como responsabilidade pessoal estejam sendo abordadas enfaticamente na atualidade , este conceito não é recente, uma vez que se pode encontrar reflexões sobre o mesmo e também sobre a conscientização social, através de citações proferidas anteriormente, como por exemplo: “Cada dia a natureza produz o suficiente para nossas necessidades. Se cada um tomasse o que lhe fosse necessário, não haveria pobreza no mundo e ninguém morreria de inanição”. (Mohandas Karamchand Ganhi) a consciência social, através da relevância das atuações individuais para transformar um contexto coletivo, neste sentido aborda a necessidade de ações sustentáveis como forma de promover a democratização de recursos e equidade socio-econômica, minimizando disparidades promovidas pelo sistema capitalista, da mesma forma, gera no individuo a percepção do seu poder em influenciar uma sociedade
a tomar medidas sustentáveis, a partir de sua ação.

O que é sustentabilidade?

  1. Os tipos de Sustentabilidade

    “- sustentabilidade econômica – o uso de materiais e soluções técnicas, urbanísticas e arquitetônicas, economicamente e ecologicamente coerentes, duráveis e acessíveis à maioria da população; redução da cultura da obsolescência
    - sustentabilidade social – Equidade e justiça social e incorporação do aspecto qualitativo aos ambientes construídos e seu funcionamento, visando a qualidade de vida e o bem estar social do usuário; bem como a universalidade do seu acesso.
    - sustentabilidade espacial – a otimização da articulação entre os usos do solo, facilitando-se as articulações e otimizando as vantagens das centralidades diversificações de propostas de planejamento urbano – arquitetônico que ampliem o direito a moradia digna, o conforto e a salubridade urbana nas cidades; utilização dos espaços mais adequados e conservação de áreas urbanas antigas e históricas.
    - sustentabilidade cultural – visa à difusão de uma arquitetura de expressão e repertório cultural local, baseada em técnicas, sistemas e métodos endógenos, dotados de significação e identificação cultural e socialmente acessíveis à população local; Conservação dos bens culturais materiais e imateriais.
    -sustentabilidade ecológica – destaque para a eficiência energética do ambiente construído através da racionalidade da estrutura urbana; do metabolismo urbano; da correta utilização de soluções técnicas e materiais, utilização de matéria prima reciclável e renovável, além da utilização de fontes energéticas alternativas para maior eficiência, conservação ambiental e racionalidade energética no funcionamento urbano.” (RIBEIRO, Edson Leite - Cidades (In) Sustentáveis – Editora Universitária, João Pessoa, 2006)